sexta-feira, 15 de junho de 2012


Antes do passo a incerteza
Uma agonia presa à garganta,
Um tremor espalhando-se
Incomodando as vértebras!
Antes da palavra dita, derramada,
Há a inércia desta mesma palavra
Fria, dúbia, amortalhada...
Antes da queda um movimento
Súbito e desconexo
Na imensidão cheia do silêncio...
E quando eu suspiro para criar o nada
Sou plena dor! Sou plena matéria
Sobre um solo desconhecido
A me receber armado com toda sua rigidez!
Largo e plano espaço,
Para mim, tão vasto e profundo Tablado.
Cá está!Este é todo o mergulho
Do eu mesmo dentro de seu próprio quadro...
Uma eterna fusão de sensações,
Um esquecimento que abre portas.
É dentro da escravidão cotidiana
Revirar altares e refazer moradas,
É achar dentro da sombra inanimada
A voz claudicante que faltava,
O brilho recém-inventado de uma
Arrebatadora e desconhecida aurora!
Deixo calar dentro de mim aquilo
Que penso saber de minha própria essência,
Sobre este solo me desminto,
Ignoro-me, nego-me se preciso for!...
Porque é na ausência de meus paradigmas,
Porque é na quebra de meus egos
E nas cinzas de minhas amarras
Que encontro a tinta e a magia para a expressão
De minha mais nova e viva alma!
E este novo sangue vibra no contato destas tábuas!