quinta-feira, 22 de agosto de 2013


Cola teu peito junto ao meu

Num abraço que se demore

Cola tua alma na minha
E que tocar a palma da minha mão
Deixe de ser um mero detalhe

Me espere amanhã
Quando descer a tarde
Não fale nada
Quando eu mergulhar 
Na tua sombra
Quando eu não conseguir
Emergir à realidade

Pode sufocar a minha mente
Parar a minha criação
Permaneça, incólume,
Eu tentada à irreverente
Mentindo alguma distração
Enquanto me concentro
No mistério que ferve
Sob tua superfície
Falsamente calma...

Deixa viver nas palavras
Desnecessárias
O questionamento,
A dor,  a dormência,
Às vezes o Destino é
Tão arbitrário

Eu só lamento não ter calma
Não ter me cansado
Destes mergulhos
Em águas tão profundas

Há um regozijo
No retardo da descida
No qual eu me embriago
Tão silenciosamente

Há tesouros esquecidos
Que aos meus olhos
Cegam, brilhando,
Alheios à tua austeridade

Às águas paradas
Vou me deixando
Imergindo
Por pura vontade.