Cola teu peito junto ao meu
Num abraço que se demore
Cola tua alma na minha
E que tocar a palma da minha mão
Deixe de ser um mero detalhe
Me espere amanhã
Quando descer a tarde
Não fale nada
Quando eu mergulhar
Na tua sombra
Quando eu não conseguir
Emergir à realidade
Pode sufocar a minha mente
Parar a minha criação
Permaneça, incólume,
Eu tentada à irreverente
Mentindo alguma distração
Enquanto me concentro
No mistério que ferve
Sob tua superfície
Falsamente calma...
Deixa viver nas palavras
Desnecessárias
O questionamento,
A dor, a dormência,
Às vezes o Destino é
Tão arbitrário
Eu só lamento não ter calma
Não ter me cansado
Destes mergulhos
Em águas tão profundas
Há um regozijo
No retardo da descida
No qual eu me embriago
Tão silenciosamente
Há tesouros esquecidos
Que aos meus olhos
Cegam, brilhando,
Alheios à tua austeridade
Às águas paradas
Vou me deixando
Imergindo
Por pura vontade.