segunda-feira, 12 de março de 2012

Acordar



Hoje ao acordar percebi assustada, que nada havia em derredor de mim que me cercasse, delimitasse. Lancei o olhar atônito ao espaço ainda em sombras e elas não eram como paredes densas e intransponíveis, mas sim, como uma longa cortina de tecido leve e esvoaçante que em meu quarto dançava.
Eu quis temer, pois me ensinaram que o ser sem limites é perdido e inconstante... Mas não conseguí achar algo que se assemelhasse ao vil temor. Quis fugir, mas não haveria razão para fuga, pois eu estava exatamente onde eu deveria estar. Quis acreditar que estava em confusão, mas não estava. Quis fazer real a crença de que enlouquecera, mas não poderia. Eu quis abraçar o medo como ensinavam que o medo era, Oh! Como eu quis sentir o medo natural... Mas medo ali não havia.
Estava solto no espaço, um espaço de amplitude considerável, que se alargava para muito além das mesquinhas paredes do meu quarto. E senti, não pela primeira vez, mas pela vez definitiva a vida que silenciosamente pulsava. Ouvi com reverência os sons que desprendiam das cenas lá fora e deixei-me ao largo, sem maiores agonias ou ansiedades. Fiquei sentindo aquilo que é a vida, passeei por todos os seus mistérios na ilusão que chamamos tempo, senti todos os aromas repentinamente e desenhei velhas formas com a combinação de novas cores...
Hoje ao acordar finalmente concebi a verdade: jamais estivera acordada!

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