quarta-feira, 7 de março de 2012

Sorriso



Enquanto ando, enquanto busco a sempiterna contemplação
Escuto...ouço...um som estridente tomando tudo ao redor
Invadindo, de maneira furtiva e sem intenção, todas as frestas,
Todos os espaços...sem que eu possa conter! Sem  preocupar-se
Em ser bem-vindo ou não! Sem imaginar se incomoda...
E, repentinamente, emudeço, pois aquela estridência
Transforma-me. E sinto como se não houvesse em mim
Um só pensamento que lhe possa tomar o lugar,
Sequer uma só dúvida que não se tenha perdido
Na invasão brusca daquele tão intenso  e simples SORRISO!

E sinto fenecer o labor das horas tantas que apenas gastava
Na contenda improfícua do questionamento vário...
E todos os poetas enfadonhos que apenas iludiam-se
Nas sombras opacas e sem vida...aquietaram-se...
Pasmos ao ver aquele incendiário canto derramando-se
Sobre tudo o que pode sentir! Sobre tudo que ainda vida houver!
Uma visão! Uma virtude a se expandir num célebre ato!
E eu cá, com os olhos postos no hiato do meu coração
Tentando eleger as palavras que pintassem a cena...
Eu, cá, dentro do meu eu introspectivo, escutando
Como alguém que se deixa  atrás da porta a ouvir
Um segredo! A guardar uma confissão!
Ah, meu Deus! Que puríssima expressão da beleza mais ingênua!
Como eu gostaria de eternizar cada nota de qualquer sorriso real!
Só para colocar em minha mente o acorde perfeito,
O som colossal que detém todo o sentido da minha alma
Neste instante sacrossanto, onde me encontro neste riso!
Mas as coisas belas assim o são por não serem feitas para durar
E sim para deixar em nós a marca de um segundo,
Como se ele fosse a vida inteira...

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