Desço estas ruas frias
Inflamando os ares
Como quem incendeia almas
Escorrendo pelos espaços
Acariciando o chão
Com o peso dos meus pés
Eu busco um sopro sonoro
Encontro a solidão esperada
E andamos de mãos atadas
Bebemos o silêncio
Janelas abertas veem passar
Nos meus movimentos incertos
Uma irreverência ébria
E eu fecho os olhos
Para melhor abraçar
Este vento cortante
Abraços soam ameaças
Entre os dedos uma canção
Beijando a boca
Uma chuva mansa
E os pesamentos caem
Enfeitando junto com o tempo
O caminho que reinvento
Qualquer paixão
Não é mera coincidência
Um sopro, uma flor, um compasso
Dê-me a mão pra uma dança lenta
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