sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pergunto-me se ficarás aí, deitando sobre mim estes teus pesados olhos. E que estranho prazer podes encontrar nesta ação paralítica de contemplar-me em tão ausente instante, em tão desconexo momento... Acaso não sabes que é desconfortável, que é incômodo? Não vês, afinal, o que devias ver, sem sequer olhar?!
Estar na mira de uma estranha, de uma criança nos gestos... Olho e angustio com essa forma

 invasora de comunicação. Não há tantos focos neste espaço? Por que ela tem que escolher a mim? Tão calado, tão indiferente, nem me importo com quem seja ou o que faça. Pode haver a luz do sol ou os troncos das árvores, pode haver um cenário de sombras que requer atenção... Não importa! Ela escolhe sempre por ponto a mim!
“Indiferente! Fique indiferente!”- Digo a mim mesmo!- Levanto-me, preciso andar, não consigo ficar imóvel. Buscarei outros focos! Passo perto dela, verei se me diz de uma vez o que deseja, afinal... Repouso junto a ela. Ela que nada diz. Ao redor caminho. Ela que nada diz... Vou ao longe, vou ao largo, vou embora... Ela nada diz!
Então por que insistir em assim olhar a um estranho? Fazê-lo pensar tantas coisas, ter que pensar em causas e razões, ter que imaginá-la juntamente com tudo isso... Ter que pensá-la!

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