domingo, 30 de dezembro de 2012

Se a mais me atrevesse e meus olhos não estivessem emudecidos
Se menos sobre mim eu soubesse e a muito mais me deixasse 
Se me permitisse outros tantos felizes exageros...
Se, enfim, abolisse a incerteza do "se" e me declarasse guerra.

Eu me flagro, insone e perturbada, vertendo um fluxo imenso de disparates quando gostaria mesmo de estar sob um céu cigano, acomodada talvez no calor de uns braços delirando...Seria o meu patamar mais elevado!

Tenho olhos cansados de tanto que vagam a ensimesmar em busca da sombra de algum pecado como resposta àquelas preces repetidas, noite após noite, no esmero da minha cama. e tenho os dedos dormentes, exaustos pela atividade frenética de acariciar taças de vinho imaginárias e cigarros que desenham esperas no ar...
E , em tudo isto, no entanto, enxergo mais que o vazio deixado por qualquer filosofia.
Estas horas me fazem refletir em quase tudo, no porquê de todas as coisas e porque a vida repentinamente se descobre tão rara. Eu penso no ato de escrever, nesta atividade nevrálgica e absolutamente essencial...Penso que gostaria de sentir o gosto do mar...Penso na inevitabilidade de certas coisas... E, no fundo, sei que tudo isto culminará comigo parafraseando Pessoa e crendo que " maior inocência é não pensar".

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