domingo, 21 de outubro de 2012

Vede quão alucinadas voam as horas pelas janelas de meu abrigo!
Na imensidão de uma estrada insone deleitam-se em vôos razantes,
Perdem-se na inconsistente ilusão do meu ser ambíguo e insone!
Para além de todas as paisagens ainda consigo prever um movimento,
Uma incerta tempestade a se formar...tomando lentamente o tímido azul...
Os ouvintes a beira-estrada são passantes desatentos,
Almas presas numa rotina crua e pardacenta, cegas a estas cores vivas!
Seus olhos não suportam do sol um mais rígido olhar, manifesto
No calor instigante de um raio mais vadio e intrépido!Doces almas tão
Frágeis ao toque de um vento mais audaz...e sua audição está há muito
Prejudicada para que eu lhes chame, para que lhes conte o que vejo!
E lá se vai o Tempo Senhor, fantasiado de menino sobre suas mentes
Vorazmente a bailar! E sua dança é louca! Seu passo é frenético!
Seu ritmo disperso oculta a perfeição da estranha harmonia!
E eu, deito-me a sombra,cismo...e cismada não sei o que sentir...
Dentro da visão estou atônita e as palavras  vão com Ele a dançar!
E fora tão longa minha estupefação que já me vieram acordar
As lágrimas mornas daquela tempestade, outrora tão longinqua!
E sinto que aos poucos sua violência aumenta, e os passantes só agora
Começaram a notá-la. Enquanto urge na turba a gritaria, a corrida
Desordeira, desesperada...minha alma despe-se de toda covardia
E eu recebo da tempestade as bátegas, lâminas geladas!
Meu riso ecoa dentro de mim e para mim somente! Uma agonia
Do êxtase estranhamente perpetrada...e eu ouço a música do tempo
Incessante, inaudível, criando novamente outra Alvorada!

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