terça-feira, 24 de abril de 2012


Sem esta cor eu não seria...
Sem esta expressão nada se faz!
E quando cedo levanto meu olhar
A estas vivas paisagens, tão iluminadas,
Obrigo-me a pensar nas formas de percepção
Que permitem a mim o enxergá-las;
Chego à conclusão, aparentemente óbvia, e para uns
Um tanto sombria, de que não as veria
Se não houvesse em mim esta capacidade perigosa
De amar o Belo a tal ponto, que em tudo o noto,
Em toda a parte o conjuro, o encontro!

Houve um tempo em que quis acreditar na possibilidade
De caminhar na vida sem este envolvimento,
Sem doar-lhe o alto gral do meu sentir...
Eu quis ser uma pedra como muitas que vejo
Parada, a receber a esfuziante luz lunar
Sem estremecer, sem me abismar em poesia,
Sem que isto em mim movesse todo um complexo sistema
Onde reina o mais absoluto desejo!

Fracassei!
Fracasso!
Eu nunca comemorei mais alegremente o som
De uma derrota! Nunca esta palavra “fracasso”
Soou mais melódica e harmonicamente a nenhum outro ser
Neste mundo- e aí incorro no risco de ser pretensiosa,
Sem sequer pensar em perdão-como soa para mim!
Jamais me orgulhara antes de qualquer ação
Como me orgulho deste lindo “fracasso”!

Àqueles que carregam em si esta sina
De ter que sentir e ter que expressar,
De ir aos extremos somente numa vibração,
De estar sempre em busca do extra-sensorium,
Do que transcenda as vagas teias do raciocínio,
Daquilo que apenas ... SEJA!... A estes
Não é possível corromper ou aniquilar sem causar
A própria extinção material, humana da criatura.

Não é possível aguilhoar aquele que apenas conhece a LIBERDADE!
Não é possível retirar-lhe esta substância salvífica...
Não é possível negar-lhe a ARTE, sem negar-lhe a própria VIDA!

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